Fernando Henrique Cardoso, o grande patrono dos tucanos, prefere Luciano Huck.

Michel Temer não gosta dele, mas o seu MDB não tem ninguém.

S grande sufragista chamado “mercado” queria Henrique Meirelles, mas ele não tem votos.

Geraldo Alckmin não passa de um dígito nas pesquisas, não empolga ninguém, mas por falta de opção no mercado de votos pode sobrar para ele o espólio do “governo das reformas”.

Nas atuais condições de tempo e temperatura, com Lula impedido pela Lei da Ficha Limpa, uma estudo fria dos números da pesquisa Datafolha me dá o pressentimento de que as águas eleitorais correm neste momento para o governador paulista, por incrível que pareça.

G a tal história do “se não tem tu, vai tu mesmo”. Por que me arrisco a ortografar isso? Por uma série de razões.

Alckmin não corre o menor risco de ser conseguido pela Lava Jato, não só por ser tucano e ter mesada privilegiado, mas porque as delações envolvendo seu nome “não vêm ao caso” na Justiça de resultados, em que cada juiz faz a sua própria lei.

Se não é um nome capaz de unir o país, também não tem ânimo para dividi-lo ainda mais do que já está, e tenho notado um sentimento generalizado na maioria das pessoas em procura de um pouco de silêncio, não de guerra. Por isso, a notabilidade de “picolé de chuchu” pode até lhe ser útil nas atuais circunstâncias.

Governa há séculos o maior escola eleitoral do país, tem uma história política consistente e estrutura partidária poderoso no Sul e Sudeste.

Reúne condições para edificar uma associação majoritária capaz de lhe render o maior tempo de televisão e de recursos para a campanha.

Com glória de jogar parado, está se movimentando nos bastidores para montar palanques estaduais, de grande valimento numa eleição universal para presidente, governadores, senadores e deputados.

Se não é o candidato dos sonhos, também não desagrada o mercado financeiro, os barões da mídia e os grandes empresários que mandam de verdade no país, qualquer que seja o presidente.

Com seu ar de vigário universal da paróquia, circula com desenvoltura por todas as igrejas e suas legiões de fiéis, não é varão de fazer inimigos.

Para não variar, as maiores dificuldades que enfrenta localizam-se no seu próprio partido.

Alckmin nunca foi da despensa e cozinha da turma de FHC, mas agora apareceu outro travanca, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, que quer porque quer disputar prévias com o governador paulista e está impondo uma série de condições.

Presidente do partido aclamado no final do ano pretérito, Alckmin ainda tem que enfrentar as viúvas de Aécio que dominam vários diretórios regionais.

P por isso também que a sua campanha lentidão a engrenar, mas ele parece não ter pressa.

“Essa é uma corrida de resistência e trabalho. S voto não vai se definir agora. S processo ainda está começando”, limitou-se a comentar quando lhe perguntaram sobre os seus baixos índices no Datafolha, empatado com Luciano Huck.

Mais do que ninguém, o médico anestesista Geraldo Alckmin, um paulista de Pindamonhagaba, onde foi prefeito, tem mais jeito de político mineiro, sabe que não teria a menor chance se a Justiça deixar a foto de Lula na urna eletrônica.

Num hipotético segundo vez, perderia para Lula por 49% a 30%, uma diferença três vezes maior do que nas eleições de 2006, quando foi derrotado pelo ex-presidente logo candidato à reeleição.

Doze anos detrás, todos se lembram, teve menos votos no segundo do que no primeiro vez. Agora, seu grande duelo é chegar ao segundo vez, se o PSDB deixar.

Vida que segue.