Além de promover um tipo específico de cefaleia, sobrecarga no ombro pode desencadear processos inflamatórios e dores na região cervical
É provável ter dor de cabeça por carregar bolsa pesada. Entenda
O simples hábito de carregar uma bolsa pesada diariamente é um fator de risco para que as mulheres desenvolvam um tipo específico de dor de cabeça: a cefaleia cervicogênica.
O médico ortopedista Ivan Rocha, perito em pilar do IOT (Instituto de Ortopedia e Traumatologia), ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica porquê isso ocorre.
“Na cefaleia cervicogênica, você tem uma tensão na musculatura cervical ulterior, ela fica enrijecida. E a gente tem alguns nervos, sendo que um deles passa no meio dessa musculatura e dá sensibilidade para a secção ulterior do crânio. Quando você tem uma contratura dessa musculatura, provoca essa cefaleia.”
A cefaleia cervicogênica pode ser confundida com uma enxaqueca, mas a origem da dor é no pescoço, embora seja percebida na cabeça.
Rocha acrescenta que não precisa ser exclusivamente uma bolsa e que qualquer pessoa que carregue peso está sujeita a ter esse tipo de dor de cabeça.
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Além da cefaleia cervicogênica, o excesso de peso nos ombros pode levar ainda a um problema chamado de entesite — inflamação no entésio, lugar onde os ligamentos, tendões e a envoltório que protege as articulações se conectam com o osso. Temos centenas de entésios, inclusive na região dos ombros e pescoço.
“Se a gente determinar os problemas posturais em relação ao uso de um peso de um lado só, acarretaria em contratura muscular, tensão muscular para que aquilo fosse sustentado. E aí entra o desenvolvimento de processos inflamatórios”, observa o médico. O resultado são dores na região cervical e nas costas.
Embora seja consenso de que muito peso de um único lado do corpo possa desencadear problemas, não há estudos científicos que atestem o quanto é seguro para uma mulher carregar. Rocha ressalta que se a bolsa tiver 10% do peso da mulher, já é muito.
O profissional alerta que as mulheres são mais propensas a ter dores em universal e que essas dores tendem a se tornar crônicas com mais frequência. “Além de ser mais frágil do ponto de vista muscular, a mulher é mais sobrecarregada, muitas têm dupla jornada, filhos.”
A principal recomendação do médico é que mulheres evitem carregar tudo o que precisam em uma única bolsa e optem por uma mochila, que divide o peso nos dois lados das costas.
Mas o mais importante, afirma, é a atividade física regular e não muito intensa. “Ela desenvolve melhor a musculatura, proporcionando menor chance de cronificação da dor e, quando tem dor, é mais suave a passa mais rápido.”
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